Escuta

     O que mata a alma e o corpo não são os prazeres, é o excesso. Até água em excesso faz mal. Tem que saber dosar. Mas como resistir à mais um copinho, mais um tempo na festa, mais um pedaço de bolo? Tinha tantos anos que não me dava o prazer de tomar um sol sem culpa, sem mais nada além de viver o momento, que exagerei. Fui com tanta sede ao pote que, em míseros dois dias, estou igual a um pimentão, com o corpo ardendo feito fogo. É fato que na serra faz muito frio por um bom tempo durante o ano, mas sempre dá pra escapar e tomar um pouco de sol e um banho de rio todo dia, se assim se quiser. Mas eu passei esses últimos sete anos só vivendo de excessos...de prazeres, de trabalho. Minha pele de carioca ficou sensível e eu nem percebi. A escuta do próprio corpo é um exercício diário que ainda estou me adaptando, quando gosto de alguma coisa, me excedo. A luta pra deixar os excessos e as compulsões não é fácil e requer muita escuta e respeito a si próprio. Há que se ter cuidado também pra não substituir uma compulsão por outra, senão a cura vai continuar distante. E eu quero cura. Pelo menos a cura do que faz mal no momento. Viver todo dia como se fosse o último é real, mas depende do que a gente entende por viver. Pra alguns pode ser se exceder até cair, pra outros, pode ser a serenidade de quem já ententeu o propósito e traz paz dentro de si, e sabe que, se hoje for o último dia, não tem o que temer. 

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