Sobre pressas e pausas


Ando com uma preguiça constante de tudo e de todos. É depressão ou preguiça desse mundo tão superficial e egoísta que a gente vive hoje? As vozes da minha cabeça estão confusas e confundem minha essência, não sei qual delas escuto. Será a maturidade chegando e tirando a graça desse mais do mesmo dessa vida (que escolhi?) ? A gente tende a se conformar com o que a vida vai trazendo, cai, levanta, não para pra pensar e refletir sobre aquilo que nos fez cair, junta os cacos e perde tudo nas mesmas armadilhas, sem enxergar o que de fato está à nossa volta. E tem tanta coisa em volta. Tudo é interligado e tudo tem consequências, todo mundo sabe, mas são raros aqueles que têm plena consciência. Acabamos sendo influenciados justamente por aqueles que não têm e aí é que mora o perigo. O mundo confunde as mentes, o sistema faz acreditar que sempre estamos errados, que somos culpados por tudo e que é preciso alcançar o inalcançável. Exaustão. Todo mundo com algum problema mental, mesmo que não saiba, ou finja não saber. Minha depressão talvez venha de um excesso de passado que carrego comigo, de uma nostalgia de tempos que não voltam mais e que não me deixam olhar pra frente com clareza. Já escalei a montanha, cheia de pedras escorregadias, machuquei as mãos e os pés e agora tem aqui uma nuvem carregada, o sol está demorando pra aparecer de novo. Quem é o encarregado de mudar isso? Não é possível prever o futuro e isso causa ansiedade, cansaço...e preguiça. Outro dia, olhei no espelho e vi a resposta. Pausa. Mas quando os olhos se abrem não tem mais volta. Começo a enxergar certas coisas como elas são de fato e que, talvez por ignorância ou imaturidade, tenha mascarado pra não sofrer e conseguir viver em sociedade, inclusa, parte de um todo que nem sei se pertenço. São tantas dúvidas e questões existenciais e práticas. É o momento de recolhimento e acolhimento comigo mesma, é preciso pausa pra conseguir fazer com que o sol apareça. Preciso de pausa pra lembrar que ele sempre aparece, em todas as estações, mesmo nas mais difíceis. Fé. Fé em mim, fé nos seres superiores, eles existem. Muito egoísmo achar que estamos sozinhos e que tudo é em vão. Essa crença faz os seres humanos se destruírem, uma pena. O ego é a pior das doenças por que só olha pro próprio umbigo e voltamos a correr atrás dos próprios rabos, sem se importar com nada e ninguém. É preciso ter responsabilidade com o todo, ninguém faz nada sozinho, inclusive é muito difícil ser sozinho, a solidão não escolhida dói. Nela, as vozes na cabeça oca ecoam alto, inquietas, ansiosas. Vontade de fazer tudo e de não fazer absolutamente nada, sempre num paradoxo e numa luta diária pra silenciar. O silêncio absoluto não existe, mas há de existir uma maneira de calar o interior pra poder observar com serenidade e filtrar as influências externas, ter sabedoria pra filtrá-las e só digerir o que é bom e honesto. Honestidade consigo mesmo tem a ver com amor-próprio. Amor. O que é? Acredito ser a palavra mais escrita no mundo, mas usada na prática com tanta leviandade. As pessoas sabem cada vez menos o que é o amor, por que estão preocupadas apenas com suas próprias necessidades cada vez mais efêmeras, apressadas. No fundo, tudo vira plástico no fundo do mar. De tanto guardar e esconder a realidade, uma hora ele se revolta e então estaremos perdidos tentando resgatar o que ficou reprimido pela própria omissão e ignorância. Acordar é importante, enquanto  estamos vivos, acordamos todos os dias, mas não pra vida. Acordamos pra trabalhar, pra pagar contas, pra satisfazer caprichos nossos e dos outros, mas não pra vida. Vemos zumbis todos os dias. 


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Me, myself and I

(I'll never be) Maria Magdalena