Verão e boné

 


    Hoje comprei um boné. Eu nunca tive um boné em 40 anos vida. Mas agora, além de fotofobia,  desenvolvi uma alergia à luz solar na pele. Já tinha manchas vermelhas e coceira no corpo, mas imaginava ser só uma falta de costume dos anos de Serra. Minha mãe diz que não devo me preocupar (sei também que não eh nada grave), mas é algo que me impede de simplesmente sair no sol e ir pra cachoeira sozinha. Passei tantos anos sem, e agora quero descontar o tempo perdido. Comprei também um protetor solar, me espantei com os preços e com a variedade de opções, no 'meu tempo' não era assim. Comprei um mediano, que serve pra bloquear os raios ultra violeta, por que a maioria prometia tantas coisas que nem Lula poderia prover. 

Aí hoje saí, fui pra rua. Já que ia sair pra comprar um boné e tal, por que não tomar um chopp com uma amiga? Já estava há oito dias dentro de casa, eu os gatos e minhas hérnias de disco, C5 e C6. Sou atriz e comunicóloga de formação. Quanto tempo eu aguento sem ver gente? Gente é meu objeto de estudo. Estou aqui escrevendo às 3h da manhã, mas tenho ido dormir todo dia antes das 21h, e agora? Sinto culpa por ter saído do caminho ou só abraço o que vivi? Fui feliz. Sinto uma coisa estranha quando me sinto feliz hoje, parece falso. Até por que sempre tem alguém pra te julgar quando vê você feliz e sempre, e de novo, and again. Minha felicidade momentânea parece sempre irreal, culpada e cheia de traumas. Ainda não aprendi a curtir o momento.

Estou deitada agora na minha cama, cigarrinho na boca, cervejinha acabando, com uma pessoa ao lado. Leo. Já terminamos, mas e aí? Não sei como faz, minha alma ainda é ligada a dele e eu sei que o contrário acontece. Mas sim, terminamos. O que fica pra mim é o maior amor do mundo, que me cuida quando preciso, que me critica quando preciso também. Isso é amor. Mas esse tipo de amor precisa de sexo, eu não quero, e ele fica feliz só de dormir do meu lado, e eu do dele. Desapego difícil. Me pergunto até se é necessário. Novos ciclos precisam de despedidas. E, muitas vezes, não é da pessoa em si, mas é do que ela representa na nossa vida. A gente sempre tem que estar pronto pra ressignificar, e praticar. A boa é que estamos botando isso em prática, de leve, sem brigas que gastam energia, sinto que estamos apenas bem e cultivando o amor que temos, por que sinto que ele não vai morrer, só mudou de figura. É um amor de verdade, daqueles que invadem e você não sabe o que faz. Difícil. Mas amor que é amor não morre.

Acho que me vergonha postar isso, mas aí me lembro de que não devo nada a ninguém. Gostei, vou postar.

p.s: O boné ficou uma droga, mas foi o menos pior que encontrei.

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