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Mostrando postagens de dezembro, 2023

Brancas, azuis, amarelas e pretas

      Tenho prestado atenção em coisas tão sutis, que me sinto até um pouco clichê. A chuva vindo, o barulho dela caindo, o sol se pondo, como reagem as plantas depois de beberem água, tomar um banho de chuva agradecendo por ela existir. Já faz quatro dias que tenho uma visita ilustre na minha casa. Uma borboleta linda, laranja, que me segue aonde eu vou. Talvez já tenha recebido uma visita dessa antes, mas minha cegueira não me deixava perceber, muito menos contemplar. Dentro da espiritualidade, ela representa que transformação, cura, e até mesmo uma visita de um ente querido que já se foi ou do nosso mentor espiritual. Tenho conversado muito com ele todos os dias, pra agradecer, pedir fé e resiliência, entre outras coisas íntimas. O fato é que se for uma visita, é muito bem vinda na minha casa, por que tenho sentido paz e já há algum tempo sinto uma presença forte e muito querida. E, talvez, por coincidência, tem uns dias que não tenho tido ansiedade durante o dia. Hoje...

Natal bem acompanhada

           Passei (estou passando) esse Natal em casa, sozinha, feliz da vida. Comprei comidinhas, improvisei sobremesa, brinquei com meus netinhos, sem álcool ou festinhas regadas à loucura. Jantei cedo por que a fome não esperou o nascimento de Jesus. Botei uma série pra assistir e dormi antes das 22h da noite. Uma amiga insistiu muito pra que eu fosse passar a noite com ela, os pais e alguns amigos nossos, queria vir me buscar, achei o convite um amor, mas declinei. "Mas vai passar o Natal sozinha? Não pode." Me pergunto por quê não poderia. As pessoas tendem a sentir pena de quem passa essa data só. Mas foi uma escolha, segui minha vontade sem a influência de ninguém, nem sob influência de tristeza ou depressão. A véspera e o dia de hoje, 25, foram dias felizes pra mim, fiz o que deu vontade, comi o que quis, ouvi a música que quis e dormi na hora que meu corpo pediu. Acendi minha vela diária, dessa vez em homenagem ao aniversariante e conversamos basta...

Verão e boné

       Hoje comprei um boné. Eu nunca tive um boné em 40 anos vida. Mas agora, além de fotofobia,  desenvolvi uma alergia à luz solar na pele. Já tinha manchas vermelhas e coceira no corpo, mas imaginava ser só uma falta de costume dos anos de Serra. Minha mãe diz que não devo me preocupar (sei também que não eh nada grave), mas é algo que me impede de simplesmente sair no sol e ir pra cachoeira sozinha. Passei tantos anos sem, e agora quero descontar o tempo perdido. Comprei também um protetor solar, me espantei com os preços e com a variedade de opções, no 'meu tempo' não era assim. Comprei um mediano, que serve pra bloquear os raios ultra violeta, por que a maioria prometia tantas coisas que nem Lula poderia prover.  Aí hoje saí, fui pra rua. Já que ia sair pra comprar um boné e tal, por que não tomar um chopp com uma amiga? Já estava há oito dias dentro de casa, eu os gatos e minhas hérnias de disco, C5 e C6. Sou atriz e comunicóloga de formação. Quanto...

Espelho, espelho meu

      As páginas brancas não me assustam mais, por que decidi que não tenho mais a necessidade de agradar ninguém (talvez minha mãe e olhe lá, e mesmo assim eu falho). Escrever tem sido uma extensão da terapia e do meu braço comprido e fino. Ajuda os pensamentos aleatórios a passarem feito vento e acabo me desfazendo de angústias, de pesos, de culpas (minhas ou as que invento), ajuda a espantar o ócio das férias que me permiti e transformá-lo num ócio criativo que me nutre. Engraçado que agora tudo que penso vem em forma de texto, mesmo sem colocar pra fora. Acho que foi uma maneira que encontrei de organizar o caos da mente, assim ela não me domina e não mente tanto pra mim. Cansei de ser enganada por mim mesma, pelas conclusões que minha ansiedade formula e muitas vezes se tornam reais aqui dentro sem nem chegarem a ser de verdade. Nem tudo é bom e nem mal o tempo todo, mas a posição de vítima faz a gente concluir que estamos cercados e jogar a culpa no mundo é men...

Detefon, almofada e trato

       Hoje nasceram mais quatro vidinhas na minha casa, dessa vez consegui assistir de perto. Acordei às 4h40 da manhã com a mamãe já entrando em trabalho de parto bem do meu lado, na minha cama. Levantei, desci as escadas e ela veio atrás de mim. Mas aí aconteceu a coisa mais linda que já vi: a outra mamãe se prontificou a ajudar a irmã. Era uma lambe daqui, a outra dali e foram nascendo os bebês, um mais fofo que o outro. Já são 11h30 e elas não se largaram até agora, na maior parceria, todo mundo ronronando alto. Confesso que me deu um pouco de ansiedade pelo futuro, mas não pude deixar de me emocionar com as duas. Até chorei. Os animais dão um banho de amor na gente, fico pensando em como alguém tem coragem de fazer mal a qualquer um deles, às vezes por pura diversão. Sei que não vai ser nada fácil lidar com essa gataria toda que se instalou na minha casa e na minha vida, mas equanto não posso fazer nada, vou curtindo cada momento, cada evolução dos bichinhos, p...

Ressaca de sol

  No último sábado saí da minha bolha. Fui à cachoeira, tipo um milagre. Estive com amigos, passei um dia ótimo, conversas leves, algumas até esclarecedoras que guardei pra mim como conselhos. Acabei terminando na noite, mas quando a frequência muda, os encontros são outros e é muito visível. Acordei feliz por ter conseguido curtir com a cabeça consciente de que não quero fugir do foco e que meu corpo não aguenta mais fazer isso sempre. Dessa vez não ganhei uma ressaca, como de costume, mas uma leve insolação e o rosto descascado dos últimos dias de sol. Troquei um excesso por outro e o corpo respondeu quase imediatamente. O equilíbrio é um exercício.

Escuta

       O que mata a alma e o corpo não são os prazeres, é o excesso. Até água em excesso faz mal. Tem que saber dosar. Mas como resistir à mais um copinho, mais um tempo na festa, mais um pedaço de bolo? Tinha tantos anos que não me dava o prazer de tomar um sol sem culpa, sem mais nada além de viver o momento, que exagerei. Fui com tanta sede ao pote que, em míseros dois dias, estou igual a um pimentão, com o corpo ardendo feito fogo. É fato que na serra faz muito frio por um bom tempo durante o ano, mas sempre dá pra escapar e tomar um pouco de sol e um banho de rio todo dia, se assim se quiser. Mas eu passei esses últimos sete anos só vivendo de excessos...de prazeres, de trabalho. Minha pele de carioca ficou sensível e eu nem percebi. A escuta do próprio corpo é um exercício diário que ainda estou me adaptando, quando gosto de alguma coisa, me excedo. A luta pra deixar os excessos e as compulsões não é fácil e requer muita escuta e respeito a si próprio. Há que s...

Sombras e Luzes

 A pessoa que passou uma vida inteira adaptada à noite, demora a perceber que precisa do dia. Mas chega uma hora em que o corpo e a mente te obrigam dando sinais de uma necessidade de luz natural, de vitamina, de claridade. Você tenta se enganar e fugir, não conhece essa versão de si mesmo. A noite não tem pudor de mostrar suas sombras e, às vezes, você acaba voltando pra casa com todas elas. Mesmo sem intenção, as sombras estão lá, só esperando um canal pra mostrar seus rostos. E eles aparecem de todas as formas, muitas vezes em máscaras bonitas, tão sedutoras que fica difícil resistir. Tem que ter persistência, resiliência, renunciar aquilo que já conhece pra se jogar no novo. Por que a zona de conforto nem sempre é feita de alegrias. O sol anda aparecendo lá fora rasgando minha pele, aqui dentro ainda meio tímido, mas trazendo luz e uma energia menos caótica. Fica mais fácil estar presente no presente quando se vê claramente a vida acontecendo na luz, as vozes ficam até com verg...

Sobre pressas e pausas

Ando com uma preguiça constante de tudo e de todos. É depressão ou preguiça desse mundo tão superficial e egoísta que a gente vive hoje? As vozes da minha cabeça estão confusas e confundem minha essência, não sei qual delas escuto. Será a maturidade chegando e tirando a graça desse mais do mesmo dessa vida (que escolhi?) ? A gente tende a se conformar com o que a vida vai trazendo, cai, levanta, não para pra pensar e refletir sobre aquilo que nos fez cair, junta os cacos e perde tudo nas mesmas armadilhas, sem enxergar o que de fato está à nossa volta. E tem tanta coisa em volta. Tudo é interligado e tudo tem consequências, todo mundo sabe, mas são raros aqueles que têm plena consciência. Acabamos sendo influenciados justamente por aqueles que não têm e aí é que mora o perigo. O mundo confunde as mentes, o sistema faz acreditar que sempre estamos errados, que somos culpados por tudo e que é preciso alcançar o inalcançável. Exaustão. Todo mundo com algum problema mental, mesmo que não s...

O processo

O despertar é um caminho sem volta. Qual porta você escolhe? 

Toda água

 Recentemente entrei na casa dos 40, e só então descobri que não tinha mais 25 anos. Como a gente muda sem perceber, às vezes (muitas) até sem querer! E agora? Cheguei na metade ou ganhei mais 40 pra usar tudo que aprendi? Pela primeira vez usando uma ferramenta já considerada antiga e talvez até ultrapassada, venho expor profundezas de pensamentos guardados a sete chaves que não interessam a ninguém. Não sou tecnológica, uso pouco, posto menos ainda, mas agora me sinto super moderna fazendo um blog. Um diário? Quem sabe? O início de um livro? Não, não tenho essa pretensão, mas vou deixar as vozes da minha cabeça desabafarem pra ver se esvazio de tanta água. Ou se me preencho. Sem pressa, sem promessa e sem bloqueio. Mas prometo tentar respeitar a Língua Portuguesa sempre que conseguir.